Amostra do Livro







Maedro
O Diário de Kalyn
Amostra do livro
(Atenção: A diagramação aqui presente não corresponde a apresentação do produto final, disponível na amostra obtida diretamente na página da Amazon)









Este livro é dedicado à minha esposa Georgia.
          Infelizmente não fui capaz de te dar o mundo, mas dei tudo de mim para criar um para você.

Rômulo Barbosa



Sobre o autor:

Sou amante da natureza, de esportes radicais e totalmente movido a desafios.

Não fui devidamente apresentado à leitura e cresci lendo os clássicos apenas por obrigações acadêmicas. Acredito que todo o brasileiro é um leitor em potencial, mas a literatura ainda não conseguiu se reinventar a ponto de "fazer o gigante acordar".
Então assumi o desafio de trazer algo diferente, que force a sua imaginação a escrever comigo esta estória.

Bem vindo ao Maedro.




Uma jornada imortal:

Tendo perdido suas raízes e toda sua referência cultural, uma sociedade viaja em busca de um novo mundo onde possa se estabelecer.
O grupo descende de um número muito pequeno de indivíduos, de forma que não puderam constituir uma população estável, assim, fazem uso da clonagem para trazer de volta os seus mortos.

Acreditam que cada nova criança é a continuação da vida do ente que se foi. Recebem o mesmo nome, profissão e tratamento. Todos escrevem diários para que possam recuperar suas memórias nas vidas futuras, e então continuar seus trabalhos de onde pararam.

Mas, para Kalyn, as coisas não parecem ter ocorrido como planejado.





Sumário


I – Novos olhos, antigas visões.
Ciclo n° 1 – Editando entradas de 01/01/2137 a 31/12/2137
Ciclo n° 2 – Editando entradas de 01/01/2138 a 31/12/2138
Ciclo n° 3 – Editando entradas de 01/01/2139 a 31/12/2139
Ciclo n° 4 – Editando entradas de 01/01/2140 a 31/12/2140
Ciclo n° 5 – Editando entradas de 01/01/2141 a 31/12/2141

II – Inocência julgada.
Ciclo n° 6 – Editando entradas de 01/01/2142 a 31/12/2142
Ciclo n° 7 – Editando entradas de 01/01/2143 a 31/12/2143
Ciclo n° 8 – Editando entradas de 01/01/2144 a 31/12/2144
Ciclo n° 9 – Editando entradas de 01/01/2145 a 31/12/2145





I – Novos olhos, antigas visões.


“Era uma criancinha recém saída da escola, com todo o universo para explorar. Sempre sonhava em andar sozinha pelos escuros e medonhos corredores que, por vezes, pareciam carregados de uma desconfortante estática. Foi um período de descobertas, mas também marcado por muitas dúvidas...”


Recuperando sinais de rádio. Consultando frequências...

ÛÛHÛÛÛÜÜÜÜ ßÛÜÜÜÜÁ                ÜÛßßßÛ    ÜÜ
    ßÜÜ ßÛÛß OßÛÛÛÛÛÛÜ ßßßßßßÛÜÛßßßßßßßßßßOÛß Üß ÛÜÜÛß Ü ßßßÜÜ
       Û ÛÛ    ÜÛÛÛß ßßTÛÛÛÛ ß

- Consegue ver?
- Não! Ele está escondido.
- Viu se está armado?
- Não deu pra ver... Mas acho que é civil.
- Ok. Fica de olho e não deixa ninguém passar.

ßÛÛß OßÛÛÛÛÛÛÜ ßßßßßßÛÜÛßßßßßßßßßßOÛß




DRO: #$#%
Data: 20/12/2154 (Sexta-feira)
Assunto: Sem assunto.

> Está escuro, voltou a chover. O som da água é a única coisa que posso escutar em horas desde que os combates cessaram, mas não posso arriscar sair. Não ainda.
> Felizmente tenho como estender uma caneca e beber um pouco. A comida acabou já faz três dias.
> Estou transmitindo diretamente no sistema XAB de sinal analógico e, há pouco, fiquei sabendo que tenho acesso ao meu diário arquivado no banco de dados do Maedro. Assim, vou usando o tempo que me resta para ler, alterar e apagar as entradas do diário de forma a deixar para você, apenas o que acredito ser realmente útil. Posso não ter tempo de tornar tudo impecável. Mas farei o possível.
> O difícil é executar esta tarefa, sem lembrar da vida miserável que tive, e não haveria final mais coerente do que apodrecer neste buraco imundo.
> Quero que saiba que, apesar de termos o mesmo rosto e até o mesmo sangue, não somos a mesma pessoa. Não se sinta obrigada a continuar qualquer trabalho que acredite ter começado ou atender expectativas alheias. Leia meu diário, aprenda e tome as decisões por si.
Sobreviva e, acima de tudo, tente ser feliz.

> Kalyn 003 □


Ciclo n° 1 – Editando entradas de 01/01/2137 a 31/12/2137


MSG: 0001
De: Maedro
Para: Kalyn
Data: 05/01/2137 (Sábado)
Assunto: Parabéns.

> Kalyn,

> O Maedro a parabeniza pela formatura no ensino básico e sua chegada à maioridade civil. Como de costume, presenteamos-te com o console de mensagens e a reabertura de sua conta pessoal para armazenamento de textos.
Lembramos que todas as mensagens que você enviar e receber, bem como as entradas pessoais do seu diário, ficarão arquivadas para sempre em nossos servidores. Use-o com responsabilidade.
O acesso ao seu diário antigo será liberado após a formatura na faculdade.
> Aproveite esta nova etapa tão importante e esforce-se sempre para buscar o melhor de si por todos nós.
> Bem vinda de volta à tripulação,

> Maedro □

DRO: 0001
Data: 06/01/2137 (Domingo)
Assunto: Primeira mensagem.

> É a primeira entrada em meu diário. Tenho tantas coisas na cabeça, mas na verdade não consigo escrever quase nada. Esperei tanto pelo console e agora não tenho muita ideia do uso que farei dele nos próximos cinco anos.
> Se vou escrever coisas importantes ou apenas besteiras... não sei. Estou com dezesseis anos e não tenho o menor interesse em relatar qualquer recordação dos tempos de escola. Pelo que entendi, é neste diário que farei os registros para mim mesma, mas sobre o que irei falar?
> Não sei mesmo...
> Poderia escrever sobre mim... mas estou confusa...
> Na verdade, como todas da minha turma, esperava receber o console não para escrever, mas para ler as entradas antigas do diário e, aí sim, descobrir quem sou.
> A maioria das meninas ficou chateada por não ter acesso aos dados históricos. Nossas professoras sempre falavam sobre quando, finalmente, descobriríamos os feitos de nosso passado ao receber este aparelho.
Acho que alguma coisa mudou e elas não foram informadas.
> O pessoal está se mobilizando para saber o que houve e irão tentar obter respostas na faculdade. Irei com elas. □


DRO: 0002
Data: 06/01/2137 (Domingo)
Assunto: Primeiro dia na faculdade.

> Hoje foi o primeiro dia no curso de medicina. Apenas apresentações, resumos da profissão e principais responsabilidades das médicas e enfermeiras. Comigo são cinco na turma, ou seja, três pessoas a menos em relação ao grupo com o qual estudei na escola.
> As demais alunas são mulheres mais velhas que trabalham em diferentes setores, mas estão no curso para capacitação a fim de assumir o cargo de enfermeiras substitutas em caso de emergência, já que no hospital só existe uma médica e uma enfermeira chefe.
Tentei me aproximar delas, mas a diferença de idade é grande, só falam de trabalho e não entendo nada do que lhes interessa.
> Já estou morrendo de saudades das meninas, principalmente da Lori e da Alana.
> Fiquei sabendo também o motivo de não recebermos o diário antigo. O conselho votou e aprovou esta medida com o objetivo de evitar que as alunas percam o foco dos estudos, porque muita gente estava mais interessada em ficar lendo os diários em vez de estudar e isso estava prejudicando os primeiros anos laborais da tripulação.
> O console deve ser usado apenas para anotações referentes ao curso e para escrever novas entradas de diário. Até a função de trocas de mensagens está bloqueada.
> Não concordo, claro. Acho que estudar ou não, é principalmente uma questão de responsabilidade. Se não houver o diário para distrair uma estudante desinteressada, ela vai procurar outras coisas para fazer.
Se quer limitar o acesso à informação, que se faça aos poucos, mas bloquear tudo?
> Minha turma é a terceira a ser “contemplada” por essa medida, e o que já soube é que ninguém gostou. □


DRO: 0003
Data: 07/01/2137 (Segunda-feira)
Assunto: Segundo dia na faculdade.

> Hoje fomos conhecer as instalações do hospital, a médica e a enfermeira chefe. Achei bem legal porque elas falaram bastante sobre o trabalho. A instrução tomou a manhã toda, mas ninguém chegou precisando de atendimento. Entendi o porquê de tão reduzido quadro funcional.
> De qualquer forma, me senti meio estranha naquele lugar, e não foi o fato de ser a única estudante jovem. Ninguém na escola sabia quais seriam suas profissões, apenas que assumiríamos as mesmas tarefas de antes. Nisso o diário ajuda bastante, e muita gente deixa importantes dicas a serem utilizadas no futuro.
> Eu, logicamente, não sabia qual seria a minha área de estudo, mas antes da cerimônia de formatura e delegação das atividades, a Lori me procurou dizendo que queria tentar algo diferente ou inovador. Assim, sugeriu que trocássemos de lugar.
> Inicialmente fiquei com medo, mas o que eu não faço pela Lori?
E foi fácil. Conversamos com a diretora da escola, ela nos olhou de forma incrédula e fez a alteração sem qualquer questionamento.
> Hoje à tarde, encontrei a minha apressada amiga nos corredores da faculdade. Ela informou que foi alocada para a turma de engenharia, me abraçou e correu para dentro da sala. Tentei espiar enquanto a porta fechava na minha cara, mas só consegui vê-la dando um “tchauzinho”.
> De certa forma foi interessante, afinal, fiquei sabendo que fui uma engenheira, assim poderei visitar as oficinas, conversar com as pessoas e ir descobrindo um pouco mais sobre mim, antes mesmo de receber o diário antigo.
E por falar nele, já percebi que profissionalmente não vai me servir para muita coisa, afinal, engenharia não tem nada a ver com medicina. Não mesmo... □


DRO: 0004
Data: 08/01/2137 (Terça-feira)
Assunto: Terceiro dia...

> Estou no terceiro dia e sinto que não vou aguentar ficar os cinco anos aqui. Acontece que estou acostumada a dormir no mesmo quarto que outras sete meninas e, aqui na faculdade, estou em um quarto que comporta apenas cinco, mas como as demais alunas já trabalham e possuem também suas cabines particulares, acabei ficando sozinha.
> O pior de tudo é que o termostato deve estar calibrado para cinco pessoas. Sem calor humano, mal estou conseguindo dormir de tanto frio. Nas noites passadas solicitei que a manutenção o corrigisse, mas embora verifique no registro de entrada que realmente veio alguém atender ao chamado, nada de fato mudou. Será algum tipo de brincadeira?
> Desta vez estou deixando uma mensagem bem clara sobre minha situação para que finalmente venha alguém resolver o problema do aquecimento. EU ESTOU SOZINHA!
> Pelo menos não estou no escuro. No alojamento da escola as luzes se apagavam às oito horas, mas aqui eu desligo se quiser e as estou deixando acesas a noite inteira.
> Se me sinto mais confortável assim? Não sei... simplesmente não consigo apagar.
> Hoje não tive tempo de me encontrar com ninguém. Vou ver se consigo uma forma de ir dormir no quarto das meninas. □


DRO: 0005
Data: 09/01/2137 (Quarta-feira)
Assunto: Alívio!!

> Hoje encontrei as meninas nos corredores da faculdade e expliquei minha situação. Disseram que os quartos delas estão lotados, mas que viriam dormir comigo. Vamos fazer um revezamento e a Lori fez questão de ser a primeira. Pediu mil desculpas porque, pela lógica, era ela quem deveria estar no curso de medicina e, consequentemente, neste quarto. Mas eu disse que não tinha nada a ver e que faria o mesmo por ela.
> Conversamos a noite toda. A Lori disse que são cinco estudantes de engenharia em sua turma e fiquei boquiaberta quando falou que tem dois rapazes. Nunca aconteceu de ficarmos estudando na mesma sala com qualquer menino durante o ensino básico e, às vezes, víamos um ou outro na escola, mas mesmo assim era muito raro. E Lori está estudando logo com dois? Garota sortuda!
> Claro que não dividem o mesmo quarto, já que existem várias áreas de engenharia e, na hora de dormir, os meninos vão para os alojamentos masculinos.
> Lori está com a turma que estuda manutenção de sistemas elétricos, eletrônicos, motores convencionais, gravitacionais, este tipo de coisa. Não entendi muito do que ouvi, mas está bastante empolgada com o curso.
> Ela está deitada agora, tentando dormir. O registro avisa que, pela terceira vez, veio uma pessoa calibrar o aquecedor, mas não estou sentindo qualquer diferença. O quarto está gelado.
Combinamos que vamos dormir juntas na mesma cama. O espaço é pequeno, mas vai ajudar bastante com o frio. □


DRO: 0006
Data: 10/01/2137 (Quinta-feira)
Assunto: Alana.

> Hoje foi o dia da Alana ficar comigo. Logo quando chegou, me deu um forte abraço. Passamos nossa infância inteira juntas e alguns dias de distância pareceram como anos de saudades.
> Conversamos sobre nossos cursos, mas fiz questão de dizer que a Lori divide a sala com dois meninos e a reação da Alana foi a mesma que eu tive ao saber. Repassei para ela o pouco que consegui entender do curso da Lori e logo percebi que serei o elo entre as duas, pois o revezamento será feito aqui. Como nossos consoles ainda não trocam mensagens, vamos improvisando. Espero que nós três nos encontremos aqui, qualquer noite dessas.
> Mas e as outras meninas? A Alana disse que teve notícias de todas. Marlene, Kirsten, Gyasi, Anete e Silvia. Uma foi para hidropônicas, outra para energia de nova, também teve uma em química de materiais, outra em tecnologia têxtil e a última será uma bióloga de reintegração. Mas não soube dizer quem foi parar em qual curso, só que a nossa turma foi completamente separada na entrada da faculdade.
> Alana falou sobre o curso dela também. Sistemas de navegação. Isso mesmo... ela vai trabalhar na ponte. Falou-me com super empolgação porque, ao que sabemos, o pessoal da ponte sabe de tudo sobre tudo, e vai ser muito legal ter uma amiga lá.
> Contei que a Lori e eu trocamos de curso e a princípio ela se mostrou um tanto chateada por ter ficado de fora dessa “brincadeira”. Mas está tão feliz com os estudos que nos perdoa.
> Ah... sei...
> Conversamos bastante... acho que neste período seremos nós três mesmo, como sempre, inseparáveis.
> Foi na hora de deitar que Alana percebeu, pra valer, o problema do frio. Ela está tremendo muito, até mais do que eu.
> Não posso passar muito mais tempo escrevendo. Vou me juntar a ela para amenizar nossa dor. □


DRO: 0007
Data: 11/01/2137 (Sexta-feira)
Assunto: Última aula da semana...

> Novidade na sala. Hoje a aula foi ministrada pela doutora De’Lacroix, médica responsável pelo hospital, que nos passou os assuntos sob uma perspectiva mais prática. Fez diversas brincadeiras e contou histórias interessantes e bizarras, mas no fim reiterou sobre a importância do nosso trabalho e todas as responsabilidades que teremos.
> Adorei conhecê-la melhor. Uma vez por semana, as aulas serão com ela, todas as sextas-feiras.
> Hoje foi o último dia da primeira semana de faculdade e estou feliz. Claro que tudo se deve à ajuda de minhas amigas. E a Lori já está aqui comigo.
> Alana reclamou bastante do frio de ontem e perguntou se eu não chamei a manutenção para resolver. Mas é claro que chamei e todos os dias vem alguém aqui que não resolve nada.
> Ao perguntar para outras pessoas na faculdade, sempre me orientaram a solicitar a manutenção no terminal do quarto e só.
Eu não sei quem vem aqui porque ela só deve aparecer nos horários de aula. Entra no quarto faz qualquer coisa e sai. Como o problema não é resolvido, fico totalmente sem opções.
> Já a Lori não reclamou tanto. Sentiu frio sim, mas parece ser mais tolerante. Como ela é a mais alta, me abraça e protege completamente quando dormimos juntas.
> A mesma coisa não pude fazer pela Alana já que ela sente mais frio do que eu, e sou a mais baixinha das três. Foi complicado MESMO.
> Lori ainda está meio sentida pela minha situação e perguntou se eu não queria destrocar os cursos. Independente disso, vamos ficar juntas no revezamento do quarto e gostei das perspectivas da profissão de medicina, ainda mais depois de conhecer a doutora. Resolvemos por não desfazer o acordo.
> É isso. Amanhã é dia de folga e vou encontrar todas as meninas da escola. Outra ótima vantagem em ter alcançado a maioridade civil é que, finalmente, vamos poder sair sem a companhia de monitores. Vamos passear muito! □


DRO: 0008
Data: 12/01/2137 (Sábado)
Assunto: O dia de folga.

> Não tenho como descrever em todos os detalhes como foi maravilhoso o dia de hoje. Primeiro, porque dormimos até tarde, passamos mesmo da hora, mas foi tão gostoso.
> Chegamos super atrasadas, claro. Alana já estava com as demais, reunidas na ágora, e logo que a Lori e eu chegamos, recebemos uma bronca antes de almoçar. Entramos no restaurante e, logicamente, pedimos mesa para oito.
> Nunca tinha visto o lugar tão lotado e isso é o que acontece todos os sábados. A maior parte da tripulação está de folga e vem pra cá confraternizar, colocar os assuntos em dia, comprar e vender coisas ou só passar o tempo. 
Fiquei tonta ao escutar tantas vozes falando ao mesmo tempo porque tentava, mas não conseguia entender tudo o que estavam dizendo. O segredo é ignorar.
> Muito me chamou a atenção, a quantidade de homens, mas estes eram diferentes. Estavam acompanhando outras pessoas e sempre carregando objetos, servindo mesas, limpando o chão e recolhendo o lixo. Logo percebi se tratar de ramilis. O problema é que, simplesmente, viravam o rosto quando percebiam que eu os estava observando. Todos eles, sem exceção. Não pareciam fazer o mesmo com outras pessoas, apenas comigo. Chegou um momento em que me senti constrangida e comecei a evitar olhar para eles também. Ainda bem que ninguém percebeu.
> Após deixarmos o restaurante, continuamos a conversar. O assunto não poderia deixar de ser os cursos que cada uma estava estudando e até um ou outro garoto que foram conhecendo.
Como não poderia faltar, chegou a hora do nosso rito de passagem para a vida adulta, que é a visita ao deque superior onde fica o mirante, e lá finalmente vislumbrar o que tem do lado de fora. 
> É um costume de todas as turmas que se formam na escola, se reunir no primeiro dia de folga para ver o Universo com os próprios olhos.
Todas de mãos dadas, subimos pelo elevador e depois alguns lances de escadas, percorremos metros de corredores até encontrar placas que orientaram o caminho.
> Caminhamos mais alguns metros quando, finalmente chegamos, mas... não havia nada. De fato o mirante é enorme, tem uma grande janela de onde é possível ver o lado de fora, é muito lindo. Mas esperávamos ver o que as professoras nos contavam.
Hoje não teve estrelas, planetas, cometas, nada... só uma escuridão e vazio total. A Marlene até disse que viu uma luz meio distante e todo mundo aproximou o rosto pra enxergar, mas não sei... eu mesma não vi nada.
> Fora esta pequena ou grande decepção, o resto do dia transcorreu bem. Combinamos que nos encontraríamos todos os sábados na ágora.
> E o melhor de tudo é que a Lori e Alana vieram passar a noite aqui comigo. Não sei o que seria de mim sem elas. Como não serei de muita ajuda para a Alana, vou deixar que durma com a Lori e me aguentarei em outra cama. □


DRO: 0009
Data: 13/01/2137 (Domingo)
Assunto: Domingo.

> Domingo é dia de pôr em prática (ou quase), o que foi aprendido durante a semana e, em vez de ficarmos na faculdade, fomos direto aos setores onde iremos trabalhar quando formadas. Eu fui ao hospital, claro.
> Reencontrei a doutora De’Lacroix e a enfermeira Marina que já me passaram alguns trabalhos básicos, como cuidar da limpeza e organização. A doutora diz que é em uma boa faxina que conhecemos todos os centímetros do local de trabalho.
> Na saída a Marina me chamou para tirar uma dúvida sobre o registro de horas, porque o nome que constava na ficha dela era Lorrie, o nome verdadeiro da Lori, pelo qual ela não gosta de ser chamada.
Expliquei toda a situação, a ficha foi atualizada e o problema resolvido.
> O chato mesmo não deixou de transparecer. A minha chegada ao hospital significa que ficarei no lugar da Marina daqui a cinco anos, quando me formar.
A Marina logicamente será promovida a médica e ocupará o lugar da doutora que, se não tiver outra ocupação, será aposentada. Ela já é uma senhora, mas ainda pode fazer muito pelo Maedro antes da reintegração. Realmente não sei como vai ficar.
> Já no meu quarto, à noite, estava arrumando minhas roupas quando a campainha tocou e o abrir da porta revelou o rosto da nossa amiga Lorrie.
> “Vai morar aqui agora?” – Brinquei. □


DRO: 0010
Data: 14/01/2137 (Segunda-feira)
Assunto: Encont”#$

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    ÃÜßß ÜÜÛ  ßßßÜÜÜO
   Û ÜÜÛÛÛÛÛHÛÛÛÜÜÜÜ ßÛÜÜÜÜÁ               P ÜÛßßßÛ    ÜÜR
    ßÜÜÜß ÛÜÜÛß Ü SßßßÜÜ
       Û IÛÛ    ÜÛÛÛß ßßTÛÛÛÛ ßÛ ÜÛÛÛÛÛO!20/12/2154
       Û Üß
MENSAGEM CORROMPID ÜÜßßßÜ20/12/2154 $&($R


DRO: 0011
Data: 16/01/2137 (Quarta-feira)
Assunto: Atualizando.

> Nem consegui tempo para escrever ontem, mas sendo a segunda semana na faculdade, não tenho lá muita novidade para registrar.
> Hoje nem era o dia de Lori no revezamento, mas minha amiga veio mesmo assim. Na verdade, ela pesquisou com os colegas do curso e descobriu uma forma de calibrar o aquecedor. Demorou, mas deu certo, pois o ar começou a vir mais quente. A Alana adorou a novidade e pediu que calibrasse o do quarto dela também porque, mesmo com cinco pessoas, ela ainda sente frio.
> O interessante é que Lori verificou também o registro da manutenção do meu quarto. Fiz cinco solicitações de visita. Em quatro delas o técnico entrou para verificar, mas saiu segundos depois. Na última ele destrancou a porta e sequer entrou, e este é o mesmo que já havia entrado pela ocasião do segundo chamado.
> Comentei com as duas que os ramilis estão me evitando e expliquei o que aconteceu na ágora sábado passado, mas elas disseram não ter percebido e não imaginam o que pode fazer os ramilis evitarem uma pessoa específica que sequer conhecem. Porém, a Alana me recomendou registrar uma reclamação.
> Como o problema foi resolvido, não pretendo reclamar. O importante é que podemos dormir confortáveis. □


DRO: 0012
Data: 18/01/2137 (Sexta-feira)
Assunto: Aula com De’Lacroix.

> Hoje foi o dia da aula com a doutora De’Lacroix. Ela se atrasou um pouco, mas logo que chegou, deu o assunto e, por algumas vezes, ficava olhando para mim, meio aérea.
> Ao término da aula, chamou-me para conversar em particular.
> Ela falou que, quando mais nova, ouvia por vezes a história de uma mulher que consertou o reator de nova, que projetou e construiu um novo gerador gravitacional permitindo ao Maedro viajar sem interrupções, que assumiu um posto no alto conselho e dividia o tempo entre a melhoria dos sistemas e bem estar dos tripulantes. Uma mulher que virou uma verdadeira lenda aqui dentro. Podia-se até esquecer o seu nome, mas todo mundo a reconhecia de cara porque sabiam que ela tinha a íris dos olhos bem vermelhas.
> Então perguntou: “Kalyn, o que você está fazendo aqui???”
> Fiquei sem resposta, claro. A De’Lacroix perguntou se eu estava lendo o meu diário e logo entendeu quando respondi que não o tinha recebido por resolução do conselho.
> Lembrou que o conselho vota resoluções toda semana e só conhece as que lhe atingem. Completou dizendo que as tarefas mais perigosas são realizadas pelos ramilis. Como o hospital só atende os humanos, passa a maior parte do tempo vazio.
Assim, se eu pretendia continuar o meu trabalho, o hospital definitivamente não era o melhor lugar para começar.
> Não sei que trabalho foi esse e, como a De’Lacroix não chegou a me conhecer pessoalmente, não pôde dar qualquer detalhe. Contudo, falei para ela que não importa onde esteja, eu vou fazer pela tripulação o que sempre fiz. A gente vai e volta, mas o coração não muda.
> Ela sorriu, me abraçou e disse ser uma honra me ter na turma.
> Cara... fiquei emocionada.
> Ahh... lembrei... hoje é sexta-feira! □


DRO: 0013
Data: 19/01/2137 (Sábado)
Assunto: “#$%&/()

ERRO!!! ÜÜÛÛÛÛÛÜÛÛÛÜÜÜÜ ßÛÜÜÜÜÜ                   ÜÛßßßÛ    ÜÜÜ
    ßÜÜ ßÛÛÛß ßßÛÛÛÛÛÛÜ ßßßßßßßßÛÜÛßßßßßßßßßßßÛÛß Üß ÛÜÜÛß Ü ßßßßÜÜ
       Û ÛÛÛ    ÜÛÛÛÛÛß ßßßÛÛÛÛ ßÛ ÜÛÛÛÛÛÛÛÛÛÜ  ÜÛÛÛÜ ß ÜÜÛÛÜßÛÛÜÜ ßÜ
       Û ÛÛÛ  ÜÛÛßßßß Üß ÜÛÛßÛÛÛ   ßÛß   ÜÛÛß Üûß 20/12/2154


DRO: 0014
Data: 20/01/2137 (Domingo)
Assunto: V#”#@?

FALHA GERAL ÜÛÛÛÛÛß ßßßÛÛÛÛ
ßßÛÛÛÛÛÛÜ ßßßßßßßßÛÜÛßßßßßßßßßßßÛÛßeSvAzIaBdO bUfFeR... ÛÛ ßÛÛÛÜÛß   ÛÛÛ  ßÛÛÜ ßÜÜ
     Üß ÜÛÛÛÜ Ü ßÛÛÛÛÜßÛÛßßß Ü ßßßßÛÛÛßßßßßßß  Ü ßÛß ÜÛ ßßßßß Ü ßÛÛÜ  ßßÜÜÜÜ
    ÛÜ ßßßßßßß ÛÜ ßÛÛÛÛÛÜÜ ßß20/12/2154ßßßÛÛÜ  ßßÜ ÛÛßßßÛÛ ß ÜÛÛÛßßßßßßßßßÜ ßßÛÛÜÜ  Ü ßÜ
  ßßßÛßßßßßßßßßßßÛÜÜßßÛÛÛÛÛÛÛÜÜÜ   ÜÜß ÜÜÛ     Ûßßßßß            ßßÜÜÜ ßßß Üß
                  ßßÛÜÜÜ ßßßßÛÛÛÛÛßß ÜÛß                              ßßßßß
                      ßßßßßßÜÜÜÜÜÜÜß


DRO: 0019
Data: 20/02/2137 (Quarta-feira)
Assunto: Lugar estranho.

> Pensei muito no que a doutora falou sobre importantes trabalhos que teria feito no passado. Com o chegar da noite, tomei coragem para ir ao deque da engenharia, só pra matar a curiosidade ou, quem sabe, encontrar alguém.
> Andei perdida por escuros e apertados corredores, onde pude escutar sons de diferentes maquinários, experimentar grandes variações de temperatura e terríveis odores. Algumas pessoas supervisionavam o trabalho de ramilis que faziam manutenção em máquinas diversas. Cheguei a ver uma enorme fornalha onde eram jogadas rochas de diferentes tamanhos que percorriam por uma larga esteira mecânica. Ficou claro que a enxerida não deveria estar ali.
> Algumas pessoas viram que eu estava com o uniforme da faculdade e me chamaram a atenção. Informei que procurava o setor que trabalha com motores e qualquer coisa relacionada à gravidade. Uma mulher, que pareceu me reconhecer, orientou o caminho e simplesmente me deixou ir.
> Finalmente cheguei até uma pesada porta de metal que relutei bastante em bater, mas que logo foi aberta por um senhor acompanhado de outros integrantes da oficina, que pararam para me ver.
> Com exceção dos mais jovens, todos ficaram surpresos. O mais velho acariciou o meu rosto e cabelos, dizendo que ainda está muito cedo, e que mal podia esperar pelo meu retorno à equipe.
> Assim, todos deixaram o local em direção às suas residências. Cheguei a andar entre eles, mas virei na primeira bifurcação e me escondi. O senhor olhou para trás e, ao me ver, apenas sorriu e continuou seu caminho.
> O lugar é assustador, as pessoas idem. Não gostei do que vi e imagino que não preciso ficar descendo a este deque, pois em breve serei uma médica. E isso é tudo o que preciso pensar. □


DRO: 0029
Data: 15/07/2137 (Segunda-feira)
Assunto: Reflexões...

> Já faz um bom tempo que não escrevo. As meninas continuam vindo me fazer companhia, mas tenho ficado sozinha diversas vezes. Não as culpo, afinal precisam estudar para os trabalhos em grupo. Eu tenho estudado bastante também, mas fora isso não tenho muito mais o que fazer a não ser dar uma volta, me exercitar e refletir sobre a vida.
> Outro dia, o Maedro parou em um sistema e fui ao mirante para observar. Havia uma estrela nas proximidades e, mesmo com o escudo de radiação ativado, senti como se ela me abraçasse, aquecendo todo o meu corpo. Alguma coisa me chamava, algo em mim queria saltar dentro daquele fogo. Eu nunca havia me sentido assim antes. A minha pele reagiu adquirindo um tom rosado e alguns pontos chegaram a ficar doloridos. Mesmo assim foi muito bom.
> Não pertencemos a este lugar. Na escola aprendi que escapamos do nosso mundo, Kasye, pois este já não tinha mais condições de sustentar vida. Desde então buscamos outro lugar parecido para nos estabelecer e começar uma nova civilização.
> Acontece que essa viagem já dura cerca de 100 anos e só paramos para abastecer. As pessoas nem comentam se estamos perto ou longe de qualquer planeta que possamos atracar. Acho que todos devem ter aceitado o fato de que estamos muito bem no espaço. □


SYS: $&*?
Data: ##/##/###
Assunto: ßÛÛßß

Reiniciando sistema...
Lendo memória... 64kb – Ok
Rodando diagnósticos... ErRo.
Recuperando mensagens: 01/01/2137 31/12/2137...
ErRo.
Dados corrompidos. ClUsTeRs PeRdIdOs...
ßßßßßßßßÛÜÜß 20/12/2154


Ciclo n° 2 – Editando entradas de 01/01/2138 a 31/12/2138



DRO: 0051
Data: 26/03/2138 (Quarta-feira)
Assunto: Desbloqueio dos diários.

> Hoje Lori veio correndo nos falar que descobriu algo importante. Algumas pessoas sabem como desbloquear o acesso ao diário antigo, bastando para tal, informar o número da conta.
> Ao que parece, tem uma forma de enganar o sistema inserindo um parâmetro para que ele entenda que já nos formamos na faculdade, porém isso não libera todas as páginas.
> Lori disse que vai desbloquear o dela e perguntou se a Alana e eu queríamos.
> Claro que sim! □


DRO: 0055
Data: 13/04/2138 (Domingo)
Assunto: Aula importante?

> Mal cheguei ao hospital e reparei algumas pessoas aglomeradas na recepção. Houve um acidente no setor que processa toda a matéria prima recolhida em nossas explorações de mineração. Parece ter havido uma falha elétrica que causou a parada do sistema de esteiras e as engenheiras perceberam uma sobrecarga ao tentar consertar. Não conseguiram desligar e pelo que sei, houve uma explosão em três capacitores.
> Não vou dizer felizmente, mas houveram apenas duas feridas. Uma delas sofreu escoriações, sendo rapidamente medicada e liberada. A outra teve 60% do corpo queimado e vai passar por várias cirurgias para reconstrução da pele.
> Achei horrível. Imagine a dor que ela deve ter sentido, mas foi bom ter este tipo de experiência. Aprendi bastante.
> Várias pessoas vieram visitar e dar força à companheira. Contei para Lori o que aconteceu, e pedi que tomasse cuidado, pois o trabalho que realizam lá embaixo parece ser bem perigoso.
Ela agradeceu e disse que vai ficar tudo bem. Acrescentou que muitos engenheiros reclamam da deficiente alocação de recursos que têm recebido para realização dos reparos. Muitas máquinas precisam ser substituídas, o que requer material, resultando na necessidade de mais paradas para mineração.
> Só que a prioridade parece ser viajar o mais rápido possível.
> Bom, é isso... A aula de amanhã foi adiada e todas as alunas estão escaladas para auxiliar a doutora De’Lacroix na primeira cirurgia. □


DRO: 0056
Data: 14/04/2138 (Segunda-feira)
Assunto: Cirurgia.

> Hoje foi a cirurgia da menina que se machucou e tudo transcorreu bem. Não chegaram a precisar de mim, ou seja, fiquei apenas assistindo.
> Havia mais quatro médicas. Pensei que De’Lacroix era a única do Maedro, mas ela respondeu que nosso hospital é apenas de emergência, e que existem vários médicos trabalhando em laboratórios de diferentes áreas. Quando necessário, todos se reúnem para fazer o que for preciso.
> Nossa paciente vai precisar de mais cuidados nas próximas semanas, mas quando terminarmos, nem vai parecer que se machucou tanto.


DRO: 0063
Data: 03/05/2138 (Sábado)
Assunto: Finalmente o diário!!

> Lori nos avisou que seus amigos haviam conseguido destravar as entradas do diário antigo. Tivemos de pagar. Sim! Eles cobraram, e caro, para nos dar acesso a esta informação.
> Reunimo-nos neste sábado para ver se deu certo. Estávamos mais curiosas sobre os diários umas das outras do que sobre nossos próprios, mas acordamos que, sendo as informações de natureza pessoal, poderíamos ou não contar o que recebemos. As demais não ficariam chateadas caso alguma informação não fosse compartilhada.
> Ligamos nossos consoles e no menu inicial estava a opção de dados históricos. Ao acessarmos os bancos e lermos as primeiras páginas, percebemos que os diários possuem principalmente informações de natureza profissional. O meu estava também cheio de páginas com mensagens de erros e caracteres sem sentido. Algumas delas falavam sobre sistemas elétricos, hidráulicos, mecânicos, eletrônicos, tipos de ferramentas, etc.
> Cheguei a oferecer de presente para Lori, de brincadeira, claro...
> De interessante, apenas uma entrada que a Alana achou sobre um relacionamento que teve com uma mulher chamada Raiana. Opa... Está ficando pessoal demais!
> É isso... Não gostei muito, porque deixei de comprar umas roupas e sapatos para ter acesso a esse diário, que parece estar uma bagunça. Contudo, existem muitas páginas e, algumas delas, podem conter algo interessante que irei conferindo aos poucos.
> Sendo dia de descanso, seguimos para a ágora, mas encontramos apenas a Marlene, Kirsten e Silvia. Almoçamos juntas e passeamos o dia todo. □


DRO: 0070
Data: 03/09/2138 (Quarta-feira)
Assunto: Caos!!!

> Caos, é a única forma de descrever o dia de hoje.
> Acompanhava a Alana em nossa refeição matinal e nos preparávamos para ir à aula.
O chão tremeu e logo em seguida os copos e talheres começaram a flutuar no ar. As luzes piscaram muito rápido e nos demos conta de que nós também estávamos flutuando. Tentei me segurar em qualquer coisa, mas só consegui pegar a mão da Alana.
Seguiu-se um estrondo e fomos jogadas violentamente contra o teto, caindo em seguida com todos os objetos que se espatifaram no chão.
> Ficou tudo escuro, em seguida as luzes de emergência acenderam e o alarme soou. Só consegui ouvir várias pessoas gritando. Abracei-me à Alana. Não sabíamos o que estava acontecendo e nem o que fazer. Ficamos paralisadas e começamos a chorar de desespero.
> Não se passaram muitos minutos até que vimos luzes de lanternas. Cerca de cinco pessoas estavam resgatando as estudantes que ficaram na cantina. Fomos levadas ao auditório, onde todas as demais estavam reunidas.
> Muita gente querendo saber o que aconteceu, procurando pelas amigas, informações desencontradas. Tentamos localizar a Lori, mas estava muito escuro, não deu. Uma enfermeira passou com uma lanterna, examinando todo mundo rapidamente, mas parou ao me ver. Neste momento percebi que estava com o rosto todo ensanguentado, devido a um corte no supercílio causado pela queda, quando provavelmente bati com o rosto na mesa da cantina. Ela fez um curativo e continuou a atender aos demais.
> A oficial de segurança pediu calma. As últimas pessoas já estavam sendo trazidas e iriam começar a chamada para saber se estavam todas a salvo. Não sei quanto tempo se passou, mas tiveram de repetir a chamada umas três vezes, pois sempre faltava alguém.
As meninas que se machucaram estavam sendo encaminhadas para o hospital.
> Eu não queria ir porque ainda não havíamos encontrado a Lori. Apenas após muita insistência de Alana, resolvi deixar a faculdade.
> Ao chegar ao hospital, muita gente aguardava atendimento. Cerca de dez enfermeiras eram coordenadas por Marina. Três faziam a triagem, cinco cuidavam dos casos mais simples enquanto que as últimas duas, juntamente com a Marina e a Doutora De’Lacroix, cuidavam dos ferimentos mais sérios.
> A Marina deu uma olhada no meu machucado, disse que precisaria de alguns pontos e pediu que aguardasse, mas eu não podia ficar parada. Dei um jeito de ajudar na triagem, levando suprimentos e oferecendo água aos feridos.
> Quando finalmente o sinal de alerta cessou, todas as luzes se acenderam. Boa parte da tripulação se reuniu na ágora, para o relatório final, vestidas com uniformes de bombeiras, seguranças e enfermeiras.
> Nos minutos após o incidente, todas as mulheres e homens, que não se machucaram seriamente, abandonaram seus postos de trabalho para responder à ocorrência. A prioridade foi estabelecer a segurança no berçário, escola, faculdade e laboratórios, enquanto uma segunda equipe seguiu para o lugar onde o acidente teria ocorrido.
> Ainda não saiu um relatório oficial. O pouco que sei, ouvi as outras falarem. Houve um incêndio no núcleo sete localizado na popa. Talvez um tanque de hidrogênio... Vamos esperar para saber.
> No momento, estou sozinha no meu quarto. As meninas não puderam vir dormir aqui por ordem da segurança. Farão mais uma contagem para saber se estão todas bem, assim, foi solicitado que ficássemos nos quartos.
> No espelho, verifiquei o meu machucado. Tomei quatro pontos e, no momento, o meu olho está roxo e inchado devido à pancada.
> Estou horrível... □


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